Identidade Visual para exposição "Memórias para Dona Antônia" - Acervo da Laje
Local: Subúrbio Ferroviário de Salvador - BA
Ano: 2023 - 2024
@acervodalaje

O Acervo da Laje é um espaço de memória artística e cultural e de pesquisa sobre o Subúrbio Ferroviário de Salvador. É uma casa-museu-escola, onde provoca deslocamentos simbólicos na arte entre o centro e a periferia. A exposição “Memórias para Dona Antônia” representa o não apagamento das mulheres pretas e periféricas, assim como é a saudação à nossa ancestralidade.
Dona Antônia é mãe de Vilma Santos, fundadora do Acervo da Laje junto com José Eduardo Ferreira Santos. Em um dos seus diversos ofícios, Dona Antônia também era lavadeira. As lavadeiras utilizavam a pedra anil para dar alvura às roupas brancas, ela contém uma substância química chamada indigotina, que é um corante azul natural, que em excesso também tem o poder de manchar as roupas. Foi a partir dessa dualidade entre impregnar e dar alvura, em lembrar e esquecer, que a identidade visual da exposição de “Memórias de Dona Antônia” é construída, através da gravação de seu nome em um paspatur de tecido branco com o pó de pedra anil. É importante ressaltar que toda a exposição deriva de uma das duas únicas fotos que Dona Antônia tirou em vida e que foi a partir dela que os artistas utilizaram como referencial no desenvolvimento das obras, e que também é utilizada no cartaz principal, como um quadro, junto com o paspatur gravado com seu nome em pedra anil, e a moldura feita com as placas de madeiras recolhidas por José Eduardo na beira da maré e entorno, e utilizadas na expografia. Para completar, precisávamos abordar o conceito de curadoria coletiva, pois era um ato político importante no debate da arte contemporânea, para isso, os nomes de todas as pessoas que participaram da exposição foram dispostos de forma circular e ao girar cada nome teria seu destaque momentâneo.

A identidade também virou uma obra interativa, uma metalinguagem, em que o público precisava “lavar” um pedaço de pano para poder ver o vídeo da gravação do nome de Dona Antônia no tecido, sua pregnância corporificada.


Obra Interativa // "Azul Anil - Memórias para Dona Antônia"
Concepção Matheus Lins e André Meireles
Vídeo arte Matheus Lins
Programação computacional André Meireles

Como resultado da criação da identidade visual da exposição, surge a obra interativa "Azul Anil - Memórias para Dona Antônia". O público, então, é convidado a corporificar na experiência do lavar, o peso e o cansaço deste ofício, um processo de reflexão através da fadiga física. A obra apresenta um vídeo arte do processo de gravação do anil no tecido, em que é acionado através do movimento de esfregar uma roupa, caso a pessoa pare, o vídeo é também pausado, esperando a continuidade do movimento.



Obra Interativa "Azul Anil - Memórias para Dona Antônia"
Matheus Lins
André Meireles
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